O sucesso dos jogos a preço livre
Fonte: http://www.techtudo.com.br/
por augusto | categoria Código aberto
O que acontece quando se oferece ao público em geral, perto do Natal, um conjunto de 11 jogos de computador, com qualidade variando entre o bom e o muito bom, e a preço completamente livre?
Como o conceito de “preço livre” é incomum, permitam-me definir: cada consumidor poderia escolher quanto pagar, desde irrisórios centavos até os milhares de dólares – o vendedor não fixa nem sugere preço nenhum.
Essa oferta aconteceu há algumas semanas, na promoção chamada Humble Indie Bundle 2, reeditando o modelo bem-sucedido já comprovado anteriormente, na primeira Humble Indie Bundle, realizada no começo de 2010.
E os usuários de Linux mais uma vez deram show na hora de fazer sua parte para contribuir com os desenvolvedores – pagando, em média mais do que o dobro do comprador médio usuário de Windows.
Como funcionou a promoção
A mecânica é simples: em um site na web agrupa-se para venda (a preço livre) alguns jogos de desenvolvedores independentes junto com a possibilidade de complementar a aquisição com uma doação para duas entidades beneficentes (uma dedicada à liberdade na Internet e outra às crianças), e define-se um prazo relativamente curto para a duração da promoção.
Se a execução for boa (e foi!), é só aguardar as 3 iscas irresistíveis (Jogos! Qualquer preço! Prazo curto!), ajudadas pela legitimação dada pela oportunidade de doação às entidades, fazerem a própria Internet se encarregar de divulgar aos 4 ventos a oportunidade, com o mesmo ímpeto de um incêndio na mata morro acima.
O incentivo para quem faz os jogos é bem claro: embora não seja raro que jogos independentes cheguem a ser bem-sucedidos, nem todo desenvolvedor indie tem condições ou oportunidade de fazer sozinho uma promoção que obtenha o mesmo nível de divulgação no estilo “fogo morro acima”, e o nível de receita potencialmente gerada para cada um dos jogos participantes do Humble Indie Bundle é bastante atrativo.
E este potencial se realizou: cada uma das edições do Humble Indie Bundle arrecadou mais de 1 milhão de dólares, quantia respeitável mesmo considerando que será dividida entre os desenvolvedores de cada um dos jogos (após descontar as doações para as 2 entidades).
Medindo o sucesso
A segunda edição do Humble Indie Bundle aconteceu em dezembro de 2010 e ofereceu os mesmos 6 jogos da primeira edição, acrescidos de mais 5 novidades.
Em poucas semanas foram vendidas 232.852 licenças para download do pacote de 11 jogos, perfazendo vistosos US$ 1.823.749,49.
Nada mal para um conjunto de jogos cujos autores estão longe de poder contar com uma máquina de distribuição e publicidade comparável à dos grandes estúdios, certo?
Distribuindo a conta
Todos os jogos participantes da promoção funcionam em Windows, Mac OS X e Linux, e os organizadores do Humble Indie Bundle estimularam nossa curiosidade divulgando o valor médio das quantias pagas pelos usuários de cada uma das 3 plataformas.
Em números precisos, o valor médio pago pelos usuários de Windows foi de US$ 6,67, pelos de Mac OS X foi de US$ 9,26, e pelos usuários de Linux foi de US$ 13,76.
Mas isso é a média. Na soma geral, considerando o tamanho bastante desigual das populações envolvidas, bem mais da metade do faturamento veio de usuários de Windows (que pagam pouco, mas são um contingente bem maior), e a fatia restante foi dividida de maneira bastante equilibrada entre as 2 outras plataformas.
Por que damos mais valor a esta oferta?
Eu fiquei perto da média da turma do Linux: comprei 2 pacotes (um para mim e outro para dar de presente) pagando US$ 15 cada.
Há quem extrapole esse conjunto de dados para arriscar previsões sobre o futuro dos jogos independentes, do comércio eletrônico e das plataformas de jogos, entre outros assuntos.
Eu prefiro especular sobre as razões que levam os usuários de Linux a atribuir um valor maior para esta oferta de jogos, que divido em 3 fatores principais:
Mas as conclusões a que já é possível chegar me agradam, e me permitem ter uma expectativa para 2011: espero que o sucesso registrado em 2 edições da promoção logo traga uma terceira, bem como mais atenção à resposta diferenciada que o contingente de usuários de Linux reserva a quem lhe traz ofertas interessantes!
Como o conceito de “preço livre” é incomum, permitam-me definir: cada consumidor poderia escolher quanto pagar, desde irrisórios centavos até os milhares de dólares – o vendedor não fixa nem sugere preço nenhum.
Os 11 jogos da promoção
E os usuários de Linux mais uma vez deram show na hora de fazer sua parte para contribuir com os desenvolvedores – pagando, em média mais do que o dobro do comprador médio usuário de Windows.
Como funcionou a promoção
A mecânica é simples: em um site na web agrupa-se para venda (a preço livre) alguns jogos de desenvolvedores independentes junto com a possibilidade de complementar a aquisição com uma doação para duas entidades beneficentes (uma dedicada à liberdade na Internet e outra às crianças), e define-se um prazo relativamente curto para a duração da promoção.
Se a execução for boa (e foi!), é só aguardar as 3 iscas irresistíveis (Jogos! Qualquer preço! Prazo curto!), ajudadas pela legitimação dada pela oportunidade de doação às entidades, fazerem a própria Internet se encarregar de divulgar aos 4 ventos a oportunidade, com o mesmo ímpeto de um incêndio na mata morro acima.
O incentivo para quem faz os jogos é bem claro: embora não seja raro que jogos independentes cheguem a ser bem-sucedidos, nem todo desenvolvedor indie tem condições ou oportunidade de fazer sozinho uma promoção que obtenha o mesmo nível de divulgação no estilo “fogo morro acima”, e o nível de receita potencialmente gerada para cada um dos jogos participantes do Humble Indie Bundle é bastante atrativo.
E este potencial se realizou: cada uma das edições do Humble Indie Bundle arrecadou mais de 1 milhão de dólares, quantia respeitável mesmo considerando que será dividida entre os desenvolvedores de cada um dos jogos (após descontar as doações para as 2 entidades).
Medindo o sucesso
A segunda edição do Humble Indie Bundle aconteceu em dezembro de 2010 e ofereceu os mesmos 6 jogos da primeira edição, acrescidos de mais 5 novidades.
Em poucas semanas foram vendidas 232.852 licenças para download do pacote de 11 jogos, perfazendo vistosos US$ 1.823.749,49.
Nada mal para um conjunto de jogos cujos autores estão longe de poder contar com uma máquina de distribuição e publicidade comparável à dos grandes estúdios, certo?
Distribuindo a conta
Todos os jogos participantes da promoção funcionam em Windows, Mac OS X e Linux, e os organizadores do Humble Indie Bundle estimularam nossa curiosidade divulgando o valor médio das quantias pagas pelos usuários de cada uma das 3 plataformas.
Em números precisos, o valor médio pago pelos usuários de Windows foi de US$ 6,67, pelos de Mac OS X foi de US$ 9,26, e pelos usuários de Linux foi de US$ 13,76.
Mas isso é a média. Na soma geral, considerando o tamanho bastante desigual das populações envolvidas, bem mais da metade do faturamento veio de usuários de Windows (que pagam pouco, mas são um contingente bem maior), e a fatia restante foi dividida de maneira bastante equilibrada entre as 2 outras plataformas.
Por que damos mais valor a esta oferta?
Eu fiquei perto da média da turma do Linux: comprei 2 pacotes (um para mim e outro para dar de presente) pagando US$ 15 cada.
Há quem extrapole esse conjunto de dados para arriscar previsões sobre o futuro dos jogos independentes, do comércio eletrônico e das plataformas de jogos, entre outros assuntos.
Eu prefiro especular sobre as razões que levam os usuários de Linux a atribuir um valor maior para esta oferta de jogos, que divido em 3 fatores principais:
- Escassez: em qualquer economia o valor dado a utilidades escassas ou raras tende a aumentar. Muitos usuários de Linux no desktop encontram bem menos promoções de jogos atuais para sua plataforma do que gostariam, e assim dão mais valor às que encontram. Os usuários de Mac vivem situação similar, mas menos aguda – vários jogos comerciais e até o Steam já estão presentes em seus desktops. Já os de Windows percebem que os desenvolvedores competem pela sua atenção, e assim naturalmente valorizam menos as alternativas.
- Cultura da colaboração: os usuários de jogos no Linux podem não estar tão expostos ao modelo comercial, mas certamente estão acostumados a ver exemplos de colaboração e apoio aos desenvolvedores dos softwares que utilizam, e deixam isso transparecer na intensidade da sua avaliação monetária da oferta – ainda que a ideia de contribuir com desenvolvedores de software proprietário possa parecer estranha para muitos deles (alguns dos quais podem até mesmo se posicionar diametralmente opostos à ideia de adquirir softwares nessa condição).
- Expectativa de abertura: com o sucesso da primeira edição do Humble Indie Bundle, vários dos desenvolvedores dos jogos integrantes optaram por abrir o código dos mesmos, contribuindo assim para a disponibilidade de jogos em software livre. Essa iniciativa não tinha sido previamente anunciada, mas certamente há quem esteja torcendo para que se repita.
Mas as conclusões a que já é possível chegar me agradam, e me permitem ter uma expectativa para 2011: espero que o sucesso registrado em 2 edições da promoção logo traga uma terceira, bem como mais atenção à resposta diferenciada que o contingente de usuários de Linux reserva a quem lhe traz ofertas interessantes!
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