Por que o excesso de distribuições Linux deveria acabar?

Fonte: http://guilhermemac.blogspot.com/2010/04/por-que-o-excesso-de-distribuicoes.html




Parece contraditório alguém que constantemente fala sobre a liberdade de escolhas querer restringi-la, pregando a diminuição de possibilidades. Só parece estranho, mas não é.

Eu mesmo falei, na minha página pessoal, o quanto a falta de escolha no mercado de consumo é ruim. Relembrando com o exemplo do sistema operacional líder, quando só se tem um único produto dominante, você não pode escolher o melhor custo-benefício, tendo que pagar um alto preço, ficar dependente das estratégias comerciais de uma única empresa e até mesmo possibilitando uma estagnação tecnológica (veja mais aqui: http://www.inf.ufsc.br/~guii/linux).

Então Linux é melhor socialmente, economicamente e estrategicamente? Sim. Mas então, qual o problema de se ter um número incontável de possibilidades de escolha? É ter justamente um número incontável de escolhas.

Com base nas teorias de Barry Schwartz, professor do departamento de psicologia do Swarthmore College, fica fácil de perceber que o excesso de distribuições Linux é ruim, fazendo o consumidor ficar infeliz , prejudicando seu senso avaliativo, diminuindo o fator prioritário para qualquer sociedade, a qualidade de vida - afinal, a busca da qualidade de vida deve ser a prioridade de qualquer sociedade, de qualquer Estado, de qualquer sistema econômico.

Em seu livro "O Paradoxo da Escolha. Por que mais é menos" o professor Schwartz afirma e mostra como a autonomia da pessoa humana, a liberdade de escolhas, está relacionada com a queda da qualidade de vida. Barry Schwartz, explicando "a busca da satisfação", idealizado pela economista ganhador do Nobel, Herbert A. Simon, diz que há pessoas "maximizadoras" e as que "buscam a satisfação". Enquanto os que buscam a satisfação são regidos pelo pensamento do suficientemente bom, os maximizadores são uma parcela significativa da população que nunca estão satisfeitas com a opção que escolhem, e nesse grande segmento da população é que o excesso de distribuições Linux cai em uma armadilha.

Barry Schwartz explica que existem fatores cruciais que agem nos maximizadores, como por exemplo os "custos de oportunidades", a "acomodação", as "expectativas".

O professor Schwartz fala que quanto maiores as oportunidades de escolha, maior a sensação de perda de uma oportunidade. Quando se escolhe uma opção, deixamos de lado muitos pontos positivos da escolha feita e ficamos pensando nos pontos positivos, que deixamos de aproveitar, das outras opções. De acordo com prêmio Nobel, o psicólogo Daniel Kahneman, e seu colega, Amos Tversky, "o efeito psicológico da perda de oportunidade é muito maior do que o efeito dos ganhos da escolha". Como consequência se tem maior possibilidade de desapontamento ou mesmo arrependimento diante da escolha feita. Com tanta vantagens nas opções de escolha a expectativa é aumentada. O consumidor escolhe seu produto, no qual fez o sopesamento das vantagens e desvantagens, e diante de tantas opções, o sujeito escolhe, e suas expectativas irão ao chão, resultado da "acomodação". O efeito "acomodação" é que faz com que as vantagens da escolha feita logo seja esquecida. A pessoa se acostuma. Com outras opções, logo ela verá mais atrativos em outras opções e esquecerá, por acomodação, as vantagens do produto que ela escolheu.

Então alguém pode perguntar: você está querendo dizer que o Linux por ter muitas distribuições é prejudicial para satisfação psicológica, emocional e até para o mercado (já que o sucesso no mercado de um produto e  a ativação de um segmento está diretamente ligado a geração de necessidade, a parte emocional do consumidor)? Não!

Falta de opções é muito, muito prejudicial, não somente no ambiente pessoal, mas econômico e estratégico. Então não há dúvidas que o Linux é essencial para o mercado, para o consumidor e para a estratégia de política de um Estado. Mas o excesso de distribuições é um fator que tem que ser repensado para o mercado consumidor final, para o usuário comum (distribuições de público específico não haveria necessidade). O ideal seria as distribuições derivadas de outras derivadas, e assim por diante, não existirem, pelo bem e futuro das outras e para o benefício do consumidor final.

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Bibliografia:
- O Paradoxo da Escolha. Por que menos é mais. SCHWARTZ, Barry. Editora Girafa.
- Scientific American Brasil. Artigo: A tirania das escolhas. SCHWARTZ, Barry. Edição 24 (05/2004).

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