Linux e BSDs


Fonte: http://br-linux.org/2010/linux-e-bsds/

Os velhos (mesmo!) debates entre fãs de Linux e fãs de BSD, reapresentando os mesmos argumentos de sempre e às vezes até revisitando a definição de fanatismo proposta por Winston Churchill, tem reaparecido nos comentários do BR-Linux nas últimas duas semanas, e assim este looooongo artigo da IT PRO (5 páginas) vem bem a calhar para demonstrar que há pouca novidade nesta discussão.

Ele inicia com um contexto histórico interessante, com detalhes começando no BSD original (1977), passando pela ação judicial da AT&T que prejudicou (sem paralisar) a adoção e desenvolvimento do sistema até o início de 1994, e o surgimento de descendentes ou variantes no PC, em especial o 386BSD (iniciado em 1989 – 2 anos antes do Linux) e o FreeBSD (lançado em 1993).

Sobre o 386BSD, surgem 2 comentários interessantes: Linus Torvalds afirmando (nesta entrevista bem antiga que se o 386BSD estivesse na área na época em que ele estava começando, o Linux provavelmente não teria acontecido.

O outro comentário é do Lars Wirzenius (quem acompanha o Linux há bastante tempo lembra bem dele), que viu o Linux nascendo e ajudou a fundar o emérito Linux Documentation Project, e explica melhor o que houve com o 386BSD para eles: “O FreeBSD não existia na época. O 386BSD sim, mas ele não funcionava no meu computador, porque exigia um coprocessador 387.” O 386 de Linus Torvalds também não tinha coprocessador – caso contrário esta história poderia ter sido bem diferente a partir de 1991.

A partir daí, o artigo traz algumas comparações entre Linux e FreeBSD, marcos interessantes que o FreeBSD atingiu, a observação interessante de que o FreeBSD não estagnou nem encolheu, e provavelmente está mais saudável do que nunca, e entra na primeira fonte comum de flamewars correntes: as preferências entre licenças permissivas e recíprocas, com argumentos a favor de ambas.

Mas logo o tema volta a ser mais de narrativa histórica, relembrando a fragmentação do mercado do Unix (Solaris diferente de HP-UX, que era diferente do Irix, que era diferente do AIX, etc.), e o possível papel que isso teve na preferência dos desenvolvedores corporativos por uma alternativa que tivesse licenciamento aberto e recíproco – favorecendo assim a adoção prevalente do Linux por vários deles.

Em seguida o texto entra em outro aspecto que já gerou sua parcela de flame wars: as diferenças fundamentais das culturas dos “hackers de Unix interessados em portá-lo para o PC” e dos “Hackers de PC interessados em portar um Unix” – que seriam as comunidades BSD e os iniciadores do Linux, respectivamente, e os detalhes são apresentados e discutidos.

Para encerrar, é apresentada uma breve análise sobre as vantagens (além do licenciamento) do Linux para os desenvolvedores corporativos, as razões pelas quais alguns preferem as alternativas de licenciamento permissivo, e a conclusão do próprio autor sobre qual das alternativas demonstrou mais valor como ferramenta de colaboração.

Concordando ou discordando, é uma boa leitura para o final de semana, especialmente para quem chegou a este cenário há poucos anos e ainda não decorou todas as interações e altercações associadas.


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