Microsoft lança – sob a GPLv2 – drivers Hyper-V para o kernel Linux

Fonte: http://br-linux.org/

A disponibilização de drivers Hyper-V da Microsoft para o kernel Linux sob a GPLv2 tem sido bastante comentada nos últimos dias, inclusive quanto à importante motivação não mencionada no anúncio oficial, na forma de uma violação prévia da licença, que foi voluntariamente corrigida (após ser apontada por um desenvolvedor) a partir da disponibilização.


E a Linux Magazine dos EUA entrou em contato com Linus Torvalds para ver o que ele tinha a dizer a respeito, e ele não se fez de rogado, compartilhando diversas opiniões e informações, incluindo:

  • ele ainda não olhou o código
  • como se trata de um driver, geralmente quem olha primeiro são os mantenedores do subsistema específico - no caso, Greg Kroah-Hartman
  • pessoalmente, ele só costuma ter interesse em código de drivers quando se trata de algum que ele mesmo use
  • códigos que ele costuma olhar pessoalmente são aqueles que ultrapassam os limites de subsistemas, ou quando se trata dos subsistemas específicos e centrais em que ele se envolve
  • mesmo assim, ele provavelmente vai olhar o código da MS quando for submetido a ele pelo mantenedor do subsistema, mesmo que seja apenas por curiosidade mórbida.

Quando publiquei minha primeira notícia sobre o driver da Microsoft, comentei o que considero óbvio: “Como costuma ser o caso das contribuições ao kernel, o driver disponibilizado é uma tecnologia que interessa especialmente a quem o disponibilizou.” E Linus concorda, lembrando que as empresas de hardware lançam drivers para seus equipamentos e plataformas, e é natural que seja assim - usualmente cada um coça onde sente coceira, inclusive quem forneceu anteriormente drivers para outros sistemas de virtualização.

Mas quanto aos questionamentos sobre as motivações da Microsoft, ele também tem algo mais a dizer:

  • Ele acredita na tecnologia acima da política, e está pouco interessado em de onde o código vem, desde que as razões para a inclusão dele sejam sólidas, e não precise se preocupar com licenciamento, etc.
  • Até algum grau, ele estaria mais inclinado a aceitar a contribuição de um novo participante, e não menos, especialmente por ser um driver, que é muito mais fácil de incluir, devido à sua natureza.
  • Ele faz piadas sobre a Microsoft de vez em quando, mas ao mesmo tempo acredita que o ódio contra a empresa é uma doença. Ele acredita em desenvolvimento aberto, e isso envolve não apenas abrir o código, mas também não deixar pessoas e empresas do lado de fora.

Quanto a essa questão dos efeitos de um posicionamento baseado no ódio a determinadas empresas ou pessoas, ele elaborou mais, em uma opinião que se aproxima da minha própria, que venho tendo cada vez menos simpatia a grupos que baseiam seu ativismo em posicionamentos negativos contra ofertas que não se encaixam em seus modelos (sejam produtos de software, hardware ou serviços on-line), ou que aparentemente desejam associar o software livre à pirataria de software, à negação de sistemas econômicos, ou até mesmo a movimentos partidários.

Em tradução livre, ainda se referindo à questão do ódio:

  • Há ‘extremistas’ no mundo do software livre, mas esta é uma razão principal por que eu não chamo o que faço de ’software livre’ mais. Eu não quero ser associado às pessoas para quem isso está associado a exclusão e ódio

Pessoalmente, com o passar dos anos também venho rejeitando apoiar essas posturas baseadas em exclusão e imposição, e percebo também que outras pessoas vêm se posicionando contrariamente quando vêem a expressão “software livre” sendo associada, aqui no país, a estas exclusões, a partidos políticos e ao apoio à pirataria de software. A entrevista do Linus Torvalds me fez refletir a respeito uma vez mais sobre como há diferenças fundamentais dentro dos grupos que convergem ao redor do Linux.


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