Entrevista com Luciano Andress Martini, criador do Resulinux

FONTE: http://brasillivre.wordpress.com/



Inaugurando uma nova fase do BrasilLivre, hoje temos uma das novidades…..

Entrevista com Luciano Andress Martini, Ele é o Criador, Mantenedor (pai do Resulinux) e Amigo, (vulgo 777user). O Resulinux (distribuição nacional baseada no Debian) que está completando 3 anos, Carrega o status de ser umas das mais rápidas do mundo, com Sistema KDE, Para comemorar a nova versão, a tão esperada K4 com foco no KDE 4, aguardem e confiram.

ENTREVISTA:

Flávio:

Olá Luciano, tudo bem?
Obrigado por participar desta entrevista. Para o pessoal te conhecer mais rapidamente, diga onde você mora , além de amante do Linux, o que você faz?

Luciano:
Moro em Botucatu-SP e estudo na FATEC. Também sou escritor na área Linux (pela editora Vienna).

Flávio:
Sendo repetitivo, mas é preciso, qual foi o seu primeiro contato com Linux e quais distros você utilizou até chegar ao Resulinux?

Luciano:
As primeiras distribuições que tive contato foram o Red Hat e Conectiva Linux. Logo em seguida, migrei para o Console Linux, mas foi na era dos Live-CDs (Kurumin) que eu fiquei inspirado a desenvolver o Resulinux. Apesar do bom suporte à hardware, a idéia era criar uma distribuição que fosse mais direcionada ao desempenho. Parei de usar o Kurumin na versão 4.1. Eu não tinha gravador de CDs nessa época, os únicos CDs que ganhei eram do premio “melhor dica Kurumin”(ganhei 3 vezes consecutivas), isso foi escolhido por votação.

Flávio:
O que te levou a criar o Resulinux? Qual foi o real motivo?

Luciano:
Bom, Eu tinha muitas idéias e sabia que a implementação delas no Kurumin poderiam não ser possíveis, pois exigiam muitas mudanças. Quando o antigo fórum do Kurumin acabou, foi a gota d’água para eu criar minha própria distribuição, estava acostumado com os moderadores do fórum antigo, e para você ter idéia convidei alguns deles para participar do recém-aberto fórum do Resulinux (acho que o principal na época era você). Naquela época eu já era colunista de um site concorrente do Guia do Hardware, o Linuxhard. O Tales Araújo Mendonça que cuidava do site me ajudou a implementar o Fórum. Percebemos que precisávamos de mais espaço para guardar as isos, comecei a mandar e-mails para várias universidades, mas nenhuma me respondeu. Até que decidi mandar para universidades de outros países, e então tive resposta de praticamente todos eles. O que nos deu o maior espaço e vantagem foi o Núcleo de Tecnologia da FEUP em Portugal.

Flávio:
No começo, principalmente, você teve uma vinda grande de usuários do Kurumin, já que este sofria um desgaste natural, já estava escaço de novidades e a comunidade original se espalhando entre BigLinux, Kalango ,etc. O que isso trouxe para o Resulinux, foi bom? Já que o Kurumin tinha uma base formada, as cobranças eram inevitáveis com o jovem Resulinux. Você acha que isso ajudou ele a crescer e como você lidou com aquela migração inicial?

Luciano:
Isso nos ajudou, sem dúvida nenhuma, mas nós nunca conseguimos por exemplo espaço numa revista, como conseguiu o Biglinux (porque a PCMASTER já havia acabado quando o Resulinux chegou) e nossa grande ferramenta de divulgação foi o BR-Linux.

Flávio :
Vamos falar um pouco de Kurumin. Foi para o limbo o K NG, todos sabemos que Kurumin tinha acabado faz tempo, mas o NG foi uma tentativa de reestruturá-lo, mas acabou não dando certo. O que você acha disto, não pelo Kurumin em si, mas pela dificuldade de se manter uma distro, a dificuldade de sempre inovar e de manter vivo. De uma maneira geral, sem querer achar um culpado, o que faltou ao Kurumin para ele se manter, culpa do desenvolvedor, da comunidade, do mercado ou um processo natural que todos vão passar? E o que faltou para o K NG conseguir substituir o Kurumin e levar adiante esta distro?

Luciano:
O problema do Kurumin NG é que o desenvolvedor tentou implementar nele um repositório de pacotes. O que acontece é que para cada pacote é preciso ter uma equipe inteira, mas o desenvolvedor tentou fazer isso sozinho. Leandro, é uma pessoa extremamente competente, que nos primórdios do Kurumin programou (ou teve a idéia de) mais de 40% do que ele ainda tem nos dias de hoje e vem sendo injustiçado pelo fim da sua tentativa de continuar o Kurumin. O Kurumin NG pode continuar existindo se ao invés de tentar ter um sistema todo organizado logo de início, ter um sistema que funcione para o usuário final e depois abrir um espaço para mais pessoas ajudarem(e treinar usuários interessados em ajudar, como fazemos no Resulinux), assim a distribuição poderia ir se organizando aos poucos e os pacotes do Ubuntu/Debian iriam sendo substituídos gradativamente conforme equipes se formassem para mante-los(exemplo: uma equipe de 10 pessoas que compilam o Amsn e não ficam pensando no resto da distribuição, já que por experiência própria, falando de maneira exagerada, 7 destas acabam abandonando a idéia).

Flávio:
Bem, o Resulinux tem 2 diferenciais, o LiveUpdate e o TexasFlood. Um traz a atualização automática de programas, correções e novidades; o outro é um acelerador de boot ( vamos dizer assim ) ele diminui o tempo de carga do sistema do boot inicial até o carregamento completo do KDE, Me fale sobre esses dois diferenciais?

Luciano:
Este primeiro diferencial, o LiveUpdate foi idéia do Tales Araújo Mendonça e fez do Resulinux a primeira distribuição brasileira à ter um sistema de atualização (com aviso na interface) automático. Porém, hoje em dia várias distribuições brasileiras tem um recurso similar, a diferença atual é que o Resulinux é o único que tem um sistema de fato próprio(que vem evoluindo desde essa época) e não um que fora herdado de outras distribuições.
O segundo diferencial, o Texas Flood é um shell script avançado (com bibliotecas e funções) que pode funcionar tanto como um init system como um RC system para o SYSVINIT. Ele aumenta o desempenho do Resulinux de maneira simples, mas significante. Todos os usuários que baixam o Resulinux tem dito que nossa distribuição é a mais rápida do mundo entre as usam o KDE, isto é realmente muito gratificante. Apesar de eu não poder afirmar com certeza que ela é a mais rápida do mundo(já que não tenho tido tempo de testar outras distribuições), posso afirmar com certeza que está entre as mais rápidas.

Flávio:
Estes dois, o LiveUpdate e o Texas, continuarão no Resulinux K4? Se sim. Continuarão da mesma maneira ou terão algum diferencial?

Luciano:
Eles continuam no Resulinux. O diferencial do Texas Flood é um thread que irá gerenciar a memória RAM, ajudando máquinas Desktop a controlarem melhor o cache e o buffer. O consumo de memória diminuiu muito e a estabilidade melhorou. Alguns vão dizer: “Você reduziu os cache e buffers, isso não é muito inteligente!”. Não reduzi, o que fiz foi colocar no Texas Flood uma configuração do /proc que se adapta a máquina da pessoa. Há maquinas que tem muita memória e quando isso aumenta demais um erro pode fazer a máquina ficar em uma espécia de loop infinito por usarem a swap de modo desnecessário a fim de tentar contribuir com o desempenho de programar que o usuário não está mais usando (Através deste recurso). Agora o Texas Flood “corrige” isso.

Flávio:
O Resulinux nunca teve um ponto forte no design, sempre se concentrou no sistema e na correção de bugs e aplicar sugestões, Quanto ao design isso muda na versão k4? Confirma?

Luciano:
Com toda certeza, o K4 é muito mais bonito que as versões anteriores. O KDE 4.2 nos ajudou muito, mas a presença do André Also do Biglinux deu um toque ainda mais interessante em nossa interface gráfica.

Flávio:
Quanto a priorizar o sistema e correção de bugs, isso é obvio, mas aplicar sugestões, isso não acostumou mal seus usuários que exigem a cada post implantar e corrigir determinado recurso? Isso não atrapalha muito no desenvolvimento?

Luciano:
Não atrapalha, porque quando isso extrapola o limite, deixamos a idéia em stand by. O problema é que não queríamos ignorar as idéias dos usuários e esperamos somar forças de outros desenvolvedores que queiram contribuir com a distribuição. O problema é que desenvolvedores quase sempre acham que são donos da verdade e entram no chamado “Cada um por si, Deus por todos.” ou “Estou muito triste porque ninguém sabe que sou o grande senhor da verdade.”, e ainda não temos um número considerável de programadores. Esperamos que mais pessoas de mente aberta e que tenham muita vontade de trabalhar(quando não gostam de alguma coisa simplesmente arrumem, porque não é tarefa do programador ficar falando à toa, eu quero ação, se você tem uma boa idéia, programe!) mandem e-mail e se inscrevam na lista!

Flávio:
KDE 4 está aí, mas antes dele o Gnome está cada vez mais ativo e estável. Eu mesmo tenho uma personalização do Resulinux com Gnome. Como o Resulinux esta para receber o Gnome? Existe alguma intenção do Gnome ser incluído no Resulinux ou uma versão própria para ele?

Luciano:
Sim, O que mais quero é ter várias versões do Resulinux e uma delas seria uma versão com Gnome, a qual seria voltada à pessoas que estiverem migrando do Ubuntu para uma distribuição brasileira. Em outras palavras, assim que sair o guia de remasterização do Resulinux, eu vou pedir que os usuários repassem para mim suas personalizações(como a sua) e poderemos publicá-las todas na área de downloads do site, colocando o nome do usuário e uma breve descrição do Resulinux dele. Enfim um espaço que dará liberdade a todos! Teremos o Resulinux de todas as cores, como para servidor (versão da empresa X/pessoa X), além de, claro, a versão oficial no topo.

Flávio:
Bem, voltando ao desenvolvimento do Resulinux, você praticamente faz tudo, tem algumas ajudas, pacotes, kernel, etc. ou existe uma equipe atualmente? Se não existe, o por quê de não ter? Qual a dificuldade? Temos distros incríveis que morrem pelo motivo do criador não se interessar mais ou não ter mais tempo, não seria legal uma equipe de design, de programas, de avaliação, etc.

Luciano:
Bom, como eu disse na pergunta anterior, ao fazer aquilo de ter o Resulinux desenvolvido por várias pessoas, em versões diferentes não teremos esse problema dele morrer. Apesar disso eu não tenho nenhuma intenção de abandonar o projeto.

Flávio :
O Resulinux e muitas distros são distribuídas via http ou ftp, porque não Torrent? Qual a dificuldade que as distros ou o próprio Resulinux seja distribuído somente em Torrent, o que você acha disso? Talvez liberar somente no Torrent e depois de algumas semanas via http, não seria mais democrático? Eu mesmo distribui via Brasillivre o Torrent do Resulinux, mais por motivos particulares , não pude mais. Não está na hora do Resulinux implantar isso?

Luciano:
Sim. Com certeza, o Resulinux precisa apoiar o uso de Torrent. A dificuldade que tenho é um espaço na Web com SSH para poder monitorar um Torrent. Mas isso já está sendo resolvido.

Flávio:
Vindo a K4, depois como fica? O que acontece? Qual o objetivo do Resulinux, trabalhar numa próxima versão? Trabalhar na K4 e expandir para o reconhecimento do Resulinux como umas das principais distros brasileiras? O que vem após o lançamento do Resulinux k4?

Luciano:
O desenvolvimento não pode parar! A idéia é que o Resulinux num futuro próximo possa ter muita gente contribuindo com ele.

Flávio:
Chegamos ao Fim esta entrevista, aguardamos o Resulinux K4. Luciano, fique a vontade. A palavra é sua.

Luciano:
Flávio, é muito bom ser entrevistado pelo Brasil Livre. Obrigado por acreditar no Resulinux.

Flávio:

Bem ficamos por aqui! ,Não deixe de acessar o fórum do resulinux , comentem no Blog e também no fórum. Participe e fique de olho, o Resulinux K4 vem aí!

Muito obrigado Luciano, até á próxima.

BrasilLivre Entrevista!!!.

Agradecimentos:

Fórum Resulinux
Luciano ( 777user)
João Marcos Borges Volcov Júnior ( revisão e correção)
Tales A. Mendonça ( revisão e correção)

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