Minha "lista de desejos" para o Linux


FONTE: http://www.marcusvbp.com.br/

Sou usuário do (Ubuntu) Linux a mais ou menos três anos, se não me falha a memória. Acredito que comecei com o Ubuntu 5.x (não se foi a versão de Abril ou Outubro).

Nestes 3 anos, posso afirmar com certeza que o Linux para Desktop evoluiu muito. Quero dizer, sempre houve uma evolução no Linux no sentido do Desktop, mas geralmente ela era lenta e apenas em algumas distribuições, mas foi constante.

Contudo, existem alguns pontos, que, entra ano e sai ano, eu gostaria de ver implementados no Linux (não necessariamente no Ubuntu, mas no Linux de uma maneira geral). São coisas básicas, mas essenciais para uma experiência desktop mais tranquila, mas que nunca foram implementadas. Não sei se é porque existe uma cultura de que Linux é "feito de Geek para Geek", e as funcionalidades mais básicas são colocadas em segundo plano, ou se por outro motivo que desconheço.

Alguns destes pontos não são necessariamente problemas do Linux (o kernel), mas sim das distribuições, ou dos desenvolvedores.

Enfim, resolvi postar aqui uma lista de coisinhas que gostaria de ver implementadas no Linux. Ou que os desenvolvedores de aplicativos para Linux passassem a seguir. São elas:

Criar uma maneira única de se instalar pacotes de programas. Apesar de ser muito fácil de instalar programas no Linux (ao menos no Ubuntu/Debian), não existe um padrão único para pacotes de arquivos pré-compilados que estejam fora dos repositórios. Existem pacotes .deb e .rpm, e devem existir outros que não lembro no momento. Quer um exemplo? Na página de download do Skype tem nada menos que 11 opções para escolha. Na boa, deveria existir apenas duas opções, o pacote pré-compilado, e um arquivo compactado, para distro mais obscuras que não adotassem o padrão universal. A intenção de um pacote de instalação único existe, mas não é adotada, sabe-se lá porquê!

Acabar com o "dependency hell". Uma coisa que eu acho muito massa no Linux é o fato de que você só instala no sistema aquilo que é necessário. Vai instalar um programa, e ele precisa de uma biblioteca? Não tem problema, o sistema irá baixar e instalar para você. O problema é que quando você não tem a biblioteca nos repositórios. Aí pode acontecer de você ter que fazer uma epopéia pela internet, procurando esta biblioteca obscura, para achá-la em uma página hospedada em alguma universidade, e depois compilá-la... o que também pode ser um problema, se para compilar esta biblioteca você precisar de outra biblioteca, ainda mais obscura. Bom, acredito que está na hora de acabar com esta prática.

Não estou dizendo que empacotar um programa sem as bibliotecas necessárias para ele funcionar não seja útil... Quando você tem um espaço em disco ou link para a internet limitadíssimos, e precisa ter um sistema bem limpinho e otimizado para rodar embarcado, então desta forma é melhor. Mas este cenário é muito diferente do cenário desktop atual, onde temos HDs imensos, e links de internet na maioria das vezes aceitáveis. Eu preferiria correr o risco de ter uma biblioteca duplicada no sistema, do que perder 1 hora catando um código na internet.

Desenvolvedores, disponibilizem seus programas Open Source em pacotes pré-compilados. Sério gente, se querem que seus programas sejam utilizados, tenham visibilidade, PAREM de disponibilizar apenas o código-fonte dos mesmo. Sim, eu sei que existem parâmetros de compilação, que permitem que o programa fique otimizado para seu processador, etc etc... Mas pessoas, novamente, para a realidade atual, isso não tem espaço. Em 1992, quando você tinha um máximo um processador de 100 mhz e 8mb de RAM, qualquer ajuda para tornar um programa mais rápido era bem vinda, mas hoje, com a quantidade de memória disponível, e processadores de mais de núcleo se tornando lugar comum, qualquer otimização de velocidade torna-se irrelevante, a menos em programas muito pesados, em que uma otimização garanta vários segundos a menos de resposta, e não milisegundos a menos.

É claro que isso esbarra no primeiro problema que eu falei, a falta de padronização no mundo Linux no que diz respeito a distribuição de pacotes pré-compilados...

Produtoras de hardware tendo um pouco mais de atenção com usuários Linux, e lancem drivers de seus produtos para usuários de Linux também, afinal, eles também são gente. Muita, mas muita coisa mesmo roda no Linux sem necessidade de driver. Quando instalei o Ubuntu 8.10 no meu notebook, não precisei baixar driver nenhum, tudo funcionou "out of box". Quando instalo o Windows XP, tenho que instalar mais de 200mb de drivers, ou nada funciona.

Contudo, lendo os fóruns, vez ou outra aparece alguém com um hardware exótico vindo da China ou de algum lugar asiático, e é sofrível fazer este equipamento funcionar.

Isso não é culpa do Linux, e sim das empresas, que estão presas em um círculo vicioso: Elas não lançam Drivers para o Linux porque não existe uma massa de usuários significativos usando o sistema; novos usuários não aderem ao sistema porque seu equipamento não possui driver.

Não existe uma forma de contornar isso imediatamente. A melhor forma de lidar com isso é mudança de comportamento do consumidor, que deve procurar se informar com a comunidade se determinado equipamento funciona no sistema operacional que ele usa. Com isso, o usuário vai ficar feliz, pois vai ter o equipamento funcionando direitinho, e os fabricantes irão prestar devida atenção à outros sistemas operacionais.

Produtoras de software passem a produzir para o Linux. Aqui existe o mesmo problema do círculo vicioso descrito acima no caso dos produtores de hardware.

Sendo sincero, nem sinto muita falta de software. O software nativo do Linux me supre bem as necessidades, e tem a grande vantagem de ser de graça (bom, alguns não são de graça, mas a maioria é).

A verdade é que a produção de softwares consagrados calaria a boca de uma grande quantidade de profissionais (falo especificamente da minha categoria) que ficam de mimimi, porque software X não tem pra Linux, ou não roda no Wine...

Raios, quem faz o trabalho é o profissional ou a ferramenta? Já deram uma chance ao software alternativo? Ele faz bem o que propõe, não custa o olho da cara (se bem que tocar nisso é chover no molhado, todos pirateiam mesmo, caso contrário usariam Mac), e é multi plataforma. Gosto muito de insistir na máxima que quem cria a obra é o artesão, e não sua ferramenta.

O que eu sinto falta são de Games... estes raramente saem por estas terras.

Interface de usuário um pouco mais polida. Um problema muito comum em vários programas do Linux (Linux, Linux, Linux, quem disser quantas vezes esta palavra aparece no texto, ganha uma bala Juquinha), é sua interface podraça, pouco intuitiva, com ícones horrorosos. Tive o Desprazer de conhecer vários programas assim quando precisei autorar um DVD.

Caro colega programador, sei que é complicado pensar e administrar um projeto, mas tenha em mente uma coisa: uma interface bonita ou podraça pode ser decisiva para um usuário decidir usar um programa ou não.

Se não souberem fazer bonito, pelo menos tenham o bom-senso de fazer a coisa usável, e por todos os deuses, não tentem colocar gosto pessoal em algo que será utilizado por todos, a menos que você saiba o que está fazendo.

Sério, deveriam ter mais mais designers e projetistas de interfaces envolvidos em projetos de software Open Source/para Linux.

Você pode perguntar porquê que eu não paro de reclamar e ofereço meus serviços a algum projeto que necessite de ajuda. Eu posso responder que eu sou um maldito preguiçoso, ou posso responder que mal tenho tempo de comer longe do computador. Acredite no que quiser. Mas este artigo não é sobre mim, e sobre o que eu penso.

Bom, é isso. Para mim, estes são os pontos que eu gostaria de ver resolvidos no(s) próximo(s) anos, para que o Linux atinja uma excelente experiência de Desktop. E para vocês, qual a lista de desejos para o Linux de vocês?


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