Seu pai e sua irmã usam Linux?

O Wall Street Journal acabou destacando uma diferença curiosa entre Torvalds e Ballmer em uma matéria publicada nesta quarta-feira que vem atraindo a atenção dos sites especializados (ou nem tanto assim) pelo mundo inteiro, não pelo seu enfoque voltado a criticar o Linux no desktop (com vários pontos dignos de reflexão, é verdade) nem pela interessante menção a Linus Torvalds reafirmando a importância de aumentar a presença do Linux no desktop, que ele vê como uma meta de longo prazo - que ainda não está sendo conquistada mas vem recebendo uma parte justa da atenção dos desenvolvedores.

A razão pela qual a matéria chama a atenção, como pode ser notado nos títulos dados a várias das notas que a repercutem pela Internet afora, é que o seu autor descobriu a pólvora: nem toda a família de Linus Torvalds usa Linux! É isso mesmo, o próprio Linus o informou de que seu pai e sua irmã, ambos na Finlândia, usam o Windows. A mãe dele, por outro lado, usa Linux. A matéria não fala nada sobre qual o sistema operacional adotado pela esposa de Torvalds, suas filhas, madrinha ou quaisquer parentes de segundo ou terceiro graus.

Surpreendente? Eu me surpreenderia muito mais se Torvalds tivesse declarado que fazia questão que toda sua família usasse apenas softwares livres, ou mesmo que a escolha que eles fazem o interessa mais do que como uma simples curiosidade, ou o envergonha a ponto de ele evitar contar isto ao jornalista.

Mas entendo o espanto do jornalista do WSJ, ou dos que fazem a cobertura, especialmente que podem estar acostumados de outra forma. Eu me espantaria se Linus declarasse algo no estilo da proibição de iPods na casa da família Ballmer, ou que na sua casa só soubessem da existência do Google porque esta é uma palavra que consta no MSN Search, como era o caso na casa da família Gates.

Familiares que usam Windows podem ser muito úteis, diria Andrew Tridgell, criador do Samba, que talvez nunca tivesse voltado no final de 1993 a mexer no embrião do sistema, que ele havia abandonado 2 anos antes, se não fosse a demanda de conectar o micro da sua esposa (com Windows) ao micro dele (com Linux). Ainda em 2001 constava no Samba Intro que o fato de Andrew Tridgell continuar podendo compartilhar uma impressora com a esposa era a melhor medida do sucesso do Samba ;-)

Não duvido (acho até provável, na verdade) que em outros rincões da liberdade de software exista também este tipo de patrulhamento contra as escolhas de uso de software pelos membros da família, como ocorre com os Ballmers e Gates, mas acredito que não é algo endêmico. Meus familiares usam Windows, embora tenham por perto um Live CD de Linux para quando é preciso executar alguma operação resgate. Quando me visitam, usam o Linux sem nenhuma estranheza também. Um dia talvez o Linux os atraia, mas se acontecer será pelas funcionalidades, e não porque acham que tem que usar o software que eu prefiro. E os seus?

Saiba mais (online.wsj.com).

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